O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 4 de outubro de 2011

«Torturado por espectros numa espiral de tempo…pretérito presente em permanente reconstrução»… A.L.A.

Poucos construíram uma carreira literária com tanto talento, intensidade e profissionalismo. Nas últimas três décadas vai a caminho dos 30 títulos.

A. Antunes recusou o caminho da facilidade e da sedução ao leitor.

Toda a sua primeira fase de produção não pode deixar de ser relida, para se perceber o que se passou em Portugal a partir dos anos sessenta. Romances como Os Cus do Judas, As Naus, Manual de Inquisidores ou Exortação de Crocodilos... foi depois deste livro que se adensou a sua escrita, diluiu-se a coesão e a sequencialidade lógica da narrativa, sem radical abandono de situações do seu universo, mas configurando um universo ficcional não só fragmentado, mas também estilhaçado.

«Fui ficando surdo e ao deixar de ouvir as vozes exteriores, tornaram-se mais nítidas as vozes interiores…as vozes que todos temos dentro de nós… fala torrencial e polifónica».

Antunes vive obcecado pela ideia: será este o meu último livro? Mas sempre volta ao Grande Livro que incessantemente está a escrever !





COMISSÃO DAS LÁGRIMAS, seu último livro, volta a Angola, á guerra de África, não é um romance histórico, não recorre a documentos nem a investigação é um continuum, ligado a vivências e memórias, uma percepção pessoal e interior.

Luanda «uma gaveta de facas sempre aberta». «Gaveta» onde a única verdade é o conflito, que pode ser também «umbigo» ou o «cu do mundo», lugar marginal onde se dá um «julgamento mútuo»!

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