O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sábado, 8 de janeiro de 2011

HOMENAGEM AO TEP

A companhia teatral Teatro Experimental do Porto (TEP) é uma grande referência teatral para várias gerações.
TEP -
http://www.infopedia.pt/$teatro-experimental-do-porto
Foi fundada em 1950 e o seu primeiro director foi António Pedro, uma pessoa muito prestigiada, como pintor surrealista, poeta e teatrólogo.
Sobre António Pedro:
http://www.infopedia.pt/$antonio-pedro>.

Para aceitar o cargo teve a pressão de um grupo de intelectuais, do qual posso destacar por ser o mais conhecido fora do país, o poeta Eugénio de Andrade.
O Teatro Experimental do Porto, dura até hoje, com muitas vicissitudes vividas, sendo a maior a censura que sofreu devido ao regime salazarista, que no entanto, nunca a impediu de apresentar o teatro mais ousado e moderno, apesar dos cortes a lápis azul, das visitas da Pide (Polícia de Intervenção Política), da apreensão de cartazes, sendo o caso mais escandaloso, o cartaz referente à peça «A Casa De Bernarda Alba» de Federico Garcia Lorca, que embora arrancado das paredes, sempre aparecia nas ruas! O problema estava em ser colocado o sagrada coração de Jesus no sítio do sexo de uma mulher:


Isto motivou uma grande polémica, inclusive eram realizadas missas de perdão pela prevaricação!!!
O TEP começou por fazer representações em sítios diversos, até conseguir ter a sua própria sala, o chamado Teatro de Bolso, que tinha uma pequena plateia e um pequeno balcão, era de facto um espaço muito pequeno, que acabava por aconchegar as pessoas que o frequentavam tornando-as amigas, todas acabavam por ter o mesmo objectivo fugir da cultura castradora do regime e poder ver coisas diferentes! O convívio estendia-se também a actores, encenadores, técnicos, o que permitia sentir/ver o teatro por dentro, em cada dia de estreia, mesmo como espectadora não deixava de sentir um nó na garganta e desejar «merda»!
Eu só comecei a frequentar o TEP, precisamente nesse lugar especial chamado Teatro de Bolso, era então uma adolescente apaixonada por todas as formas culturais à margem, que existiam na cidade, foi lá que fui apresentada a diversos dramaturgos, tanto clássicos como modernos, dos quais posso destacar: Shakespeare, Ibsen, Wilde, Miller, Ionesco, Pirandello, Garcia Lorca, Brechet, Samuel Beckett, Karl Valentin, Thomas Bernhard, Heiner Müller, Jean-Paul Sartre, Harold Pinter, Jean Cocteau, Luis de Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Bernardo Santareno, Eugene O'Neill, Alfonso Sastre, August Strindberg, Gil Vicente, Molière, Raul Brandão, Nicolau Gogol…


O TEP foi de facto uma escola de teatro para mim e teatro é a vida, como diziam os gregos é a mimesis da vida.

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