O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

CHRISTINE DE PIZAN (1365-c. 1434) – A PRIMEIRA FEMINISTA?

Christine de Pisan (1365 – c. 1434)

Simone de Beauvoir escreveu em 1949, que Épître au Dieu d'Amour , de Christine de Pizan, foi o primeiro livro em que uma mulher pegou na caneta em defesa do seu sexo.
Alguns estudiosos têm argumentado que ela deve ser encarada como uma das primeiras feministas, defendendo a importância do seu papel importante dentro da sociedade, assim como a reivindicação de uma educação similar para rapazes e raparigas. Outros estudiosos argumentam anacronismo no uso do termo ou que as suas ideias não eram progressistas o suficiente, para merecer tal designação.


Cristina de Pisano ( Christine de Pizan) poetisa e filósofa francesa, de origem italiana, nasceu em Veneza. O seu pai, Tommaso di Benvenuto Pisano, médico e astrólogo, era também conselheiro da República de Veneza e depois foi nomeado por Carlos V astrólogo, alquimista e físico da corte. Cristina foi educada num ambiente favorável ao desenvolvimento intelectual, aprendeu várias línguas, leu os redescobertos clássicos e os inúmeros manuscritos do arquivo real, dentro do espírito humanista do início do Renascimento.
Casou com 15 anos e teve três filhos, como cedo ficou viúva e cheia de dívidas contraídas pelo marido, decidiu dedicar-se à escrita. Escreveu as suas primeiras baladas, que despertaram interessa na corte e em alguns mecenas.

Christine de Pizan em 1401-1402, envolveu-se numa discussão literária, que lhe permitiu ir além dos círculos palacianos, granjeando o estatuto de escritora preocupada com a posição das mulheres na sociedade. A discussão ficou conhecida como: a «Querelle du Roman de la Rose». Christine instigou o debate, questionando os méritos literários de Jean de Meun, autor do «Romance da Rosa», um dos livros mais populares em França e na Europa no século XIII, mordaz às convenções do amor cortês, retratando as mulheres como nada mais que sedutoras. Christine, nos seus poemas Epistre au dieu d'Amours, critica os termos vulgares usados para descrever as mulheres e denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina. O debate foi longo e a questão principal deixou de lado a crítica às capacidades literárias de Jean de Meun, para se concentrar nas difamações sobre as mulheres. A sua obstinação e coragem conquistaram a admiração e apoio de alguns dos grandes pensadores da época, como Jean de Gerson e Eustache Deschamps.
Christine teve uma profunda influência sobre a poesia do século XV, o seu sucesso deriva de uma escrita inovadora. Foi a primeira escritora na Europa.
A sua última obra, Ditié de Jeanne d'Arc, foi escrita no mosteiro de Poissy, para onde se retirou no fim da vida. Nela, celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, Joana d'Arc. Além das suas qualidades literárias, este poema é importante para os historiadores, porque é o único registo de Joana d'Arc, juntamente com os documentos do seu julgamento. Desconhece-se a data exacta da morte de Christine de Pizan. Ao contrário do que se poderia supor, esta não ditou o seu esquecimento, mas aumentou o interesse pelos seus livros e ideias.

No livro, La Cité des Dames, Christine de Pizan cria uma cidade simbólica em que as mulheres são apreciadas e defendidas, baseando-se em três figuras alegóricas: Razão, Justiça e Rectidão, dialogando com as mesmas, exemplum e speculum, numa perspectiva feminina. Perguntas e respostas contra a misoginia predominante na época. Pela primeira vez a mulher aborda as questões que a afectam.


Em Trois vertus, Christine destaca o efeito persuasivo do discurso de mulheres e acções na vida quotidiana. Neste texto em particular, Christine alega que as mulheres devem reconhecer e promover a sua capacidade de intervir na esfera privada e social. Também afirma que o discurso de um caluniador corrói a honra e ameaça a união fraterna entre as mulheres. Christine, apresentou uma estratégia concreta que permitia a todas as mulheres, independentemente do seu estatuto, minar o discurso patriarcal dominante. Para o leitor, é uma obra que revela o que era a vida das mulheres em 1400, da grande dama do castelo até a esposa do comerciante, a serva, a camponesa, as viúvas e até mesmo as prostitutas.

http://xenophongroup.com/montjoie/pizan.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Christine_de_Pizan
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristina_de_Pisano

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