O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

JANET FRAME (1924-2004)




Janet Frame nasceu em Dunedin no sudeste da Nova Zelândia. A sua família era modesta, o seu pai, George Frame, trabalhava nos caminhos-de-ferro e a sua mãe, foi empregada doméstica da família da escritora, Katherine Mansfield. Janet, teve cinco irmãos. Como relatou na sua auto-biografia, ficou muito marcada com a morte de duas das suas irmãs por afogamento, Myrtle e Isabel, em situações distintas e pelos ataques epilépticos do seu irmão George. Janet tirou o curso de professora na Faculdade de Educação de Dunedin. Tudo correu bem a Janet até esta altura, foi no final do estágio, em 1943 que Janet tentou o suicídio com um pacote de aspirinas e isso levou-a a ter que fazer sessões de terapia regulares.
Voltou depois a dar aulas, mas em 1945 com a visita de um inspector, foi internada na secção de psiquiatria para observação. Janet não queria voltar a casa devido ao ambiente de tensão entre o irmão e o pai e durante oito anos esteve em vários hospitais psiquiátricos. Foi-lhe diagnosticada esquizofrenia e a terapia de electro choques.
Em 1951, estava hospitalizada e um dos seus contos, A Lagoa e Outras Histórias, foi publicado e premiado com o Hubert Memorial Award, que naquela altura era um dos mais prestigiados prémios literários. Este facto motivou o cancelamento de uma lobotomia, que estava para fazer, salvando-a do estigma de louca que a perseguia. Uma lobotomia, (leucotomia) tal como a concebeu o Dr.Egas Moniz já não é praticada devido aos efeitos secundários severos, como mudanças na personalidade, apatia e até morte.
(Infomações sobre lobotomia em:
http://www.srsdocs.com/parcerias/revista_imprensa/jornal_madeira/2005/jm_2005_12_17_01.htm).

Janet Frame, sofria de problemas psíquicos devido à situação familiar, mas tinha muito para dar, se tivesse feito esta cirurgia, ficava inviabilizada para escrever.
Janet conheceu o roteirista Frank Sargeson e viveu com ele, cerca de um ano, escrevendo,
Owls Do Cry.Os anos seguintes, foram os mais prolíficos em termos de publicação. Viveu e trabalhou na Europa, sobretudo em Londres, com estadas breves em Ibiza e Andorra, embora continuasse a sofrer de ansiedade e depressão. Alan Miller, reputado psiquiatra disse-lhe que ela nunca tinha sofrido de esquizofrenia, mas para a tratar dos efeitos nocivos dos anos passados em hospitais psiquiátricos, começou a fazer sessões regulares de terapia com o psicanalista Robert Hugh Cawlev, que a incentivou a prosseguir a sua escrita. Frame acabaria por dedicar sete de seus romances a Cawley.
Em 1963 retornou à Nova Zelãndia e viveu em várias zonas do país, viajando ocasionalmente para a Europa e para os Estados Unidos, onde manteve relações estreitas com vários artistas americanos: o pintor Teófilo Brown, o seu parceiro de longa data João Paulo Wonner, o poeta May Sarton, John Marquand, Lelchuck Jr. e outros. Janet era uma pessoa errática, não era lida por um grande número de pessoas e evitava de todo a mundanidade.
Frame escreveu depois a sua autobiografia em três volumes, que vendeu mais que qualquer outro dos seus livros e foi adaptada ao cinema por Jane Campion, com o título, Um Anjo à Minha Mesa. Com esta auto-biografia o objectivo era ajustar correctamente os seus problemas mentais, mas o seu passado e o seu estado mental, continuou a sofrer a especulação dos críticos e do público, mesmo após a sua morte em 2004.



Ganhou vários prémios literários, nomeadamente o Commonwealth Writers Prize para o último romance publicado em vida, Cárpatos. Em 1983 recebeu a Ordem do Império Britânico (CBE) pelos serviços prestados à literatura. Em 1990, tornou-se membro da Ordem da Nova Zelândia. Frame também fez parte da Academia Americana de Artes e Letras, recebeu doutoramentos honoris causa de duas universidades da Nova Zelândia. Rumores circularam, para o prémio Nobel de literatura, principalmente em 1998 e novamente cinco anos depois em 2003.
Janet Frame morreu em Dunedin em 2004, aos 79 anos, de leucemia. Uma série de obras póstumas foram lançadas desde a sua morte, incluindo um volume de poesia intitulado «O Banho de ganso», a que foi atribuído o Prémio Top-nova poesia em 2007.

http://en.wikipedia.org/wiki/Janet_Frame
http://janetframe.org.nz/Biography.htm

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