O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 10 de agosto de 2010

SIMBOLISMO

Movimento artístico, que surgiu em França no século XIX, opondo-se ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época.
Esta corrente teve a adesão, de escritores e também de pintores e foi influenciada pelo misticismo e pelo orientalismo.
Como tudo que é novo houve contestação, o simbolismo foi chamado de decadentismo, que aludia à decadência dos valores estéticos existentes e uma afectação dos mesmos. Em 1886, um manifesto formalizou a nova corrente: SIMBOLISMO.

Embora vários artistas tivessem aderido a esta corrente, predominava entre os mesmos o individualismo. Uma característica, no entanto era abrangente: o subjectivismo, os artistas procuram o mais profundo do «eu», o inconsciente, o sonho. Este vector pode ter uma aproximação ao passado movimento romântico e até ao futuro movimento surrealista, de «grosso modo». Ênfase no imaginário e na fantasia. Para interpretar a realidade, os simbolistas valem-se da intuição e não da razão ou da lógica. Preferem o vago, o indefinido, o impreciso.
Tendo surgido paralelamente ao neo-impressionismo de Georges Seurat e de Paul Signac, o simbolismo apresenta-se como mais uma tentativa de superação da pura visualidade defendida pelo impressionismo. Porém enquanto o divisionismo de Seurat e Signac, se baseia em leis científicas de visão, o simbolismo segue uma trilha espiritualista e anticientífica. Se o impressionismo fornece sensações visuais, o simbolismo almeja apreender valores transcendentes - o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado - que se encontram no pólo oposto ao da razão analítica.
Oriundo do impressionismo, Paul Gauguin deixou-se influenciar pelas pinturas japonesas que apareceram na Europa e abandonou as técnicas ainda vigentes nas telas do movimento onde se iniciou. A temática alegórica passa a dominar, a partir de 1890. Ao artista não bastava pintar a realidade, mas demonstrar na tela a essência sentimental dos personagens - e em Gauguin isto levou a uma busca tal pelo primitivismo que o próprio artista abandonou a França e foi morar com os nativos da Polinésia francesa.





A "pintura literária" de Gustave Moreau e Pierre Puvis de Chavannes, por exemplo, focaliza civilizações e mitologias antigas, com o auxílio de imagens místicas, tratadas com forte sensualidade, como, A Aparição, ca.1875.
APARICÃO de GUSTAVE MOREAU

Salomé com seu corpo adornado e atraente, aponta para a cabeça degolada de João Baptista.
Referência ao episódio bíblico, no qual Salomé é apontada como responsável pela execução de João Batista, a cena parece querer associar o acto de matar o amado e ver o seu sangue escorrer com uma compulsão erótica feminina associada à histeria e à encarnação de Eros e Thanatos.

Mestre da cor, o artista soube representar uma mulher de beleza rara, com traços de anjo e pele aveludada, cobertas apenas por ousadas transparências. A luz foi utilizada por Moreau para obter essa atmosfera ao mesmo tempo mística e mágica, que caracterizou a pintura simbolista.

Odilon Redon, explora, em desenhos e litografias, diversos temas fantásticos, sob inspiração da literatura de Edgar Allan Poe.


Tendo a sua origem em França, o simbolismo, converteu-se imediatamente num fenómeno europeu. Na Áustria, a obra de Gustav Klimt é emblemática da associação entre fórmulas decorativas e temáticas simbolistas, como indicam, por exemplo, as figuras femininas, de tom alegórico e forte sensualidade, visto no Retrato de Corpo Inteiro de Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908, entre outros.



Outros artistas europeus da época, aderem, como por exemplo: o suíço Ferdinand Hodler, destacando-se as obras, O Desapontado, 1890, e Eurritmia, 1895 - e Arnold Böcklin, responsável por telas de tom místico e clima sombrio como, A Ilha dos Mortos, 1880.
A Ilha dos Mortos - Arnold Böcklin

Ou ainda, na Inglaterra, os trabalhos de Aubrey Beardsley - autor das ilustrações da versão inglesa de Salomé, de Oscar Wilde - e das obras esteticistas de sir Edward Coley Burne-Jones.
Os pintores do grupo belga Les Vingt (Les XX) - que reúne
James Ensor, Theodor Toorop e Henri van de Velde - são outros exemplos da expressão europeia simbolista/decadentista. Ensor produziu uma obra povoada de elementos macabros e figuras grotescas, que procura enveredar pelas profundezas do inconsciente.
Christ's Entry into Brussels


A obra do norueguês Edvard Munch, alia-se primeiro ao simbolismo, tornando-se depois um expoente do expressionismo. Munch, confere um sentido mais trágico ao diagnóstico pessimista lançado pelos artistas em relação à sociedade industrial do fim de século. Nesse ponto também se verifica um movimento de arte da realidade exterior para o universo interior, só que os seus trabalhos recusam qualquer sentido de transcendência da arte e do símbolo. As suas obras tematizam a dor, a morte e os estados psicológicos extremos, sem nenhum apelo estetizante - O Grito, 1893, Ansiedade, 1894.
O Grito - Munch




É possível pensar ainda em reverberações simbolistas e decadentistas no grupo francês dos nabis - Aristide Maillol, Pierre Bonnard e Édouard Vuillard - e no expressionismo, de Wassily Kandinsky e Paul Klee.

CONSULTA: GUIA DA HISTÓRIA DE ARTE, SPROCCATI, Sandro, Editorial presença, 4ª. Edição, Lisboa, 1999
(C&H)

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